CARRY ON
- O que? Onde vais? Pensas que
atravessarás o muro? O muro é duro,
amigo.
Uma lágrima percorreu o broto, olhos arregalados, respondeu para dentro.
E fora, o silêncio de quem segue
em frente.
E permanecem os ressequidos em
sua fala quebrada :
- Pequeno broto, tão imaginativo.
O broto segue e imaginativo.
E ele continua, onde os outros desistem.
-O muro é escuro, vais entrar aí? Nem tem espaço para que passes.
Acreditas que será árvore?
O broto já não estava ali, já era raiz, já era caule, já era folha,
dançou nos sulcos, ofertou flores.
Raiz bailarina de um mundo abissal.
A pedra cedeu um pedaço de si, gostou do afago que recebeu e deu passagem.
Todos diziam que era tão fria, mas não sabiam o quanto ela gostava da
vida e dava passagem à poesia.
(Fotografia e Escrita por: Mariana
Bernardes Goulart).