sexta-feira, 18 de maio de 2012

Semeadura do amor, (Com)Paixão e Cuidado: Trabalho com crianças !


Meu trabalho! Uma das minhas fontes de energia e fé na vida!!

         “Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar. Viajaram para o sul. Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando. Quando o menino e o pai alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto o seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: Me ajuda a olhar!”(Galeano, 2002)

             Trabalhar com crianças e auxiliá-las nas relações e no desenvolvimento de suas habilidades me gratifica de forma que me sinto feliz. E se renovam as minhas esperanças no potencial de vida!! A Infância é a semente desta imensa árvore que é a vida!
            Quando falamos em infância, referimo-nos a um tempo fundamental para a constituição do psiquismo, que deixa atrás de si muitas marcas e potencialidades na alma humana. Tempo onde o desamparo aponta de forma indelével a importância da relação com o outro humano.
             A infância sempre me proporcionou inspiração e encanto. Eu era uma criança que gostava de crianças, sempre atenta aos menores; conforme meus parentes, eu era o descanso dos pais. Assim, em minha trajetória pessoal e profissional, sempre estive atenta ao processo de desenvolvimento humano. A vida é imensa e as crianças estão em busca das palavras, das respostas, do acolhimento e cuidado continente que as apresente à vida. E a dimensão de cuidado, olhar e escuta, me acompanha ao longo da minha vida e das minhas escolhas. A profissão que escolhi é a Psicologia e minha vocação é o manejo e trabalho com a infância. Rubem Alves (1985), um pensador, ao qual eu me identifico, dissertando sobre profissão e vocação, apresenta a primeira como uma função a ser exercida, e a segunda ele apresenta como algo que nasce de um grande amor e de uma grande esperança. Tal palavra norteia meu trabalho e apreço pela infância, pois acredito que as células embrionárias de nossas virtudes, valores e criatividade estão contidas na infância, como a árvore está contida na semente. Mesmo quando trabalhamos com adultos, em Psicologia, precisamos revisitar muitas vezes a infância para, quem sabe, ajudá-los a regar as sementes que nas intempéries da vida ficaram descuidadas. Recorro à analogia das sementes para ressaltar a dimensão de potencial que há nelas e importância que tem o trabalho da Educação Infantil, onde impera a responsabilidade de promover vida. Enfim, dado meu apreço, por esta temática poderia dissertar páginas e mais páginas sobre a infância, a Psicologia e a Educação Infantil, mas ultrapassaria o objetivo desta breve explanação. Pois na vida, na escrita e na escola é sábio não perdermos os objetivos de vista.  
           Finalizo, reiterando, com um pouco de receio em ser piegas, o amor que tenho por este trabalho. Afirmo, como na música de Legião Urbana que reformula o apóstolo Paulo em Coríntios cap. 13 : “Ainda que eu falasse a língua dos homens/ E falasse a língua dos anjos/ Sem amor eu nada seria”. Mesmo buscando compreender e falar a linguagem verbal e simbólica das crianças, sem amor e seus desdobramentos, não se ajuda crianças a crescerem em sua totalidade.

Abraços a todos,
Mariana Bernardes Goulart