Na infância, solitária e observadora, Françoise Dolto,
viveu diariamente a dificuldade de comunicação entre as crianças e os adultos.
Melhor, ela acha que os adultos não conseguem compreender e não se fazem
compreender pelas crianças. Isso determinou sua vocação. Lembrando, pelo meu
ponto de vista, que todos nós carregamos dentro de si, em qualquer idade, a
nossa criança, ainda não falada, não escutada e não compreendida.
Françoise
queria ser uma médica da educação. Uma médica que sabe que quando há problemas
na educação, isto provoca doença nas crianças. Que não são verdadeiras doenças,
mas que perturbam as famílias. E assim complicando a vida das crianças que
poderia ser tão tranquila.
Françoise em sua vocação tinha como propósito fazer
algo pelos que sofrem. Descobriu o poder
da escuta, sendo esta primordial para que uma boa análise seja realizada. Em
sua formação buscou explicar o papel do psíquico no somático, a importância da
verbalização de realidades dolorosas como organizador das sensações, que podem
nos tirar do caos e do vazio.
Acredito em uma educação emocional, uma educação
para conhecer a si e comunicar-se bem com os demais. Aos que priorizam as
capacidades intelectuais, cabe lembrar de outra contribuição de Dolto, que
afirma ser a inteligência estreitamente ligada a afetividade. Essa psicanalista
que conversava com os bebês de forma clara, que diante do sofrimento do mundo
viu nos bebês a esperança de vidas menos perturbadas por sensações, que jogam a
consciência em um caos, em um vazio indizível. Essa psicanalista que me faz ganhar em compreensão e conhecimento cada hora que me debruço sobre seus escritos. É um rico encontro conhecer um
pouco da história dessa pessoa tão autêntica, mesmo aos que não se debruçam
sobre o conhecimento da psicanálise. Pois no cerne é vida, compreensão,
libertação. E sobre isso todos nós em alguma medida nos debruçamos, nos
atentamos.