sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Françoise Dolto: Escutando e falando com a criança

             Na infância, solitária e observadora, Françoise Dolto, viveu diariamente a dificuldade de comunicação entre as crianças e os adultos. Melhor, ela acha que os adultos não conseguem compreender e não se fazem compreender pelas crianças. Isso determinou sua vocação. Lembrando, pelo meu ponto de vista, que todos nós carregamos dentro de si, em qualquer idade, a nossa criança, ainda não falada, não escutada e não compreendida. 
            Françoise queria ser uma médica da educação. Uma médica que sabe que quando há problemas na educação, isto provoca doença nas crianças. Que não são verdadeiras doenças, mas que perturbam as famílias. E assim complicando a vida das crianças que poderia ser tão tranquila.
               Françoise em sua vocação tinha como propósito fazer algo pelos que sofrem.  Descobriu o poder da escuta, sendo esta primordial para que uma boa análise seja realizada. Em sua formação buscou explicar o papel do psíquico no somático, a importância da verbalização de realidades dolorosas como organizador das sensações, que podem nos tirar do caos e do vazio.

         Acredito em uma educação emocional, uma educação para conhecer a si e comunicar-se bem com os demais. Aos que priorizam as capacidades intelectuais, cabe lembrar de outra contribuição de Dolto, que afirma ser a inteligência estreitamente ligada a afetividade. Essa psicanalista que conversava com os bebês de forma clara, que diante do sofrimento do mundo viu nos bebês a esperança de vidas menos perturbadas por sensações, que jogam a consciência em um caos, em um vazio indizível. Essa psicanalista que me faz ganhar em compreensão e conhecimento cada hora que me debruço sobre seus escritos. É um rico encontro conhecer um pouco da história dessa pessoa tão autêntica, mesmo aos que não se debruçam sobre o conhecimento da psicanálise. Pois no cerne é vida, compreensão, libertação. E sobre isso todos nós em alguma medida nos debruçamos, nos atentamos.