Estava para escrever algo, sobre o início da experiência clínica, em psicologia, foi quando escutando a música “Nos bailes da vida” de Miltom Nascimento, fui tomada por uma emoção que me colocou a brincar com meus pensamentos e tal canção. A música fala de como um cantor põe o pé na profissão, a melodia me cativou e tal temática encontrou eco na minha rede de sentidos. Então brinquei com a letra compondo um sentido próprio.
Nos bailes da vida... Nas salas do SAPP
Foi nas salas do SAPP
Em troca de supervisão
Que muita gente boa pôs o pé na profissão
De se apropriar de um instrumento, de escutar e de interpretar
Prestando atenção a que instância psíquica de quem pagou não quis ouvir
Foi assim
Supervisionar era buscar o caminho
Que vai dar no sol
Tenho comigo as lembranças do que eu era
Para compreender nada era longe tudo tão bom
Até as dialogadas intermináveis, e todo trabalhão psiquico
Era assim
Com o rosto encharcado e a alma
Repleta de chão
Todo psicólogo tem de ir onde a raiz do ser humano está
Se for assim, assim será
Escrevendo me despeço e não me canso
de viver nem de clinicar (sonhar os sonhos não sonhados pelos pacientes)
E o cinza do asfalto intensificava, nos meus olhos, o cinza do céu.
Eis que olhei melhor e brilhou nos meus olhos uma árvore florida.
Reinventando o dia.
Sim, é primavera!
Começou outra estação.
Pensei...
Mais uma primavera no meu coração.
Trazendo a promessa do verão.
Ela ainda não me mostrou a que veio, nem toda a sua beleza, mas aquelas flores, me anunciaram que dias mais coloridos virão e que se choveu tanto foi para nutrir a terra...
As flores já estavam renascendo e eu ainda não havia percebido, a primavera chegara enquanto dormia, enquanto não olhava...
E o cinza já não era mais tão cinza.
E o dia já não era mais tão frio.
Alias, como o rosa pode deixar o cinza mais bonito.
E mesmo que não possa ver o sol, sei que ele está próximo.
Nutrindo a flor que me emprestou sua beleza e poesia.